Imagem de Nayara Jinknss
O Centro Cultural do Cariri Sérvulo Esmeraldo – espaço que integra a Rede Pública de Equipamentos e Espaços Culturais (RECE) da Secretaria da Cultura do Ceará, gerido pelo Instituto Mirante de Cultura e Arte – realiza a abertura da exposição Terra em Transe, com curadoria de Diógenes Moura, no dia 16 de setembro, a partir das 18h, nas Galerias 1 e 2 do equipamento. A mostra chega ao Cariri cearense reunindo cerca de 700 imagens de mais de 70 fotógrafos brasileiros, incluindo 11 fotógrafos e um artista visual da região, com mais de 30 imagens selecionadas.
Concebida para o Fotofestival SOLAR, realizado em 2018 na cidade de Fortaleza, a exposição narra a vida real de um Brasil pelo qual Diógenes Moura viaja há mais de 50 anos, com uma visão curatorial de forte contexto sociopolítico e com o projeto de permanente atualização nacional, anunciando assuntos políticos, sociais, ambientais e culturais.
Na segunda edição, realizada no Museu Afro Brasil, em São Paulo, contou com a adição de temas como as queimadas no Pantanal e na Amazônia, o incêndio na Cinemateca, o desastre ambiental em Brumadinho e a tragédia social provocada pela pandemia de Covid-19. Nessa ocasião, recebeu da Associação Paulista de Críticos de Artes (APCA) o prêmio de melhor exposição fotográfica em 2021.
Em território caririense, Terra em Transe amplia o retrato de um país marcado por constantes contradições. Com obras de Telma Saraiva, Titus Riedl, Fluxo Marginal, Dada Petrole, Hélio Filho, Samuel Macedo, Giovanna Duarte, Constance Pinheiro, Allan Bastos, Nívia Uchôa, Rubens Venâncio e Rafael Vilarouca, a exposição apresenta uma região decisiva na construção nacional de uma realidade violenta em diferentes tradições e expressões.
“Eu acompanho a produção artística do Cariri desde 2006”, afirma Diógenes Moura. “Para a atualização da exposição aqui, a edição de imagens foi feita ao lado do fotógrafo Allan Bastos”, diz. Sobre a mostra, o curador afirma: “Terra em Transe é uma exposição feita para magoar, silenciosa, sem piedade a respeito do grande abismo que é o Brasil. Por isso mesmo, cada fotografia necessita de tempo para ser vista. É uma exposição contrária ao mundo da rapidez”.
Para Rosely Nakagawa, diretora do Centro Cultural do Cariri, “A mostra nos faz observar a complexidade da conexão entre os territórios, trajetórias e comunidades de todo o Brasil”. Ela acredita que a fotografia é um instrumento valioso de memória, transformação e expressão. “Quem sabe, com esse registro, possamos ter uma nova visão da cultura e da sociedade, que nasce de um desastre anunciado, fazendo surgir no horizonte um alerta, por meio da imagem, para uma evolução cultural através da arte e da educação”, afirma.
As imagens dos fotógrafos e artistas visuais do Cariri contam histórias reais que existem ao redor da fé e da cultura regional. No texto “CULTURA: DO LATIM COLERE: CUIDAR”, que integra a exposição, Diógenes Moura apresenta personagens e ritualísticas do território que resistem entretempos, como a beata Maria de Araújo, conhecida pelo milagre da hóstia ocorrido na cidade de Juazeiro do Norte. “A hóstia consagrada que sangrou entre os lábios daquela menina-beata, que fazia bonecas de pano para vender, faz parte do passado, mas é também presente e será futuro: cultura popular impregnada de simbolismos.”
A versão original de Terra em Transe conta com trabalhos dos autores cearenses Fernando Jorge, Nicolas Gondim e de Celso Oliveira, fotógrafo radicado no Ceará há quarenta anos. Maureen Bisilliat, Mário Cravo Neto e Lalo de Almeida também integram a exposição, ao lado de registros de fotojornalistas de todo o país desde a Ditadura Militar, como Nair Benedicto, Evandro Teixeira e Marlene Bergamo, com trabalhos que remontam ao período do AI-5, em 1968, até o incêndio no Museu Nacional em 2018, atravessando as manifestações religiosas, o caos urbano e as desigualdades que costuram o Brasil.
Sobre Diógenes Moura
Diógenes Moura é escritor, curador de fotografia, roteirista e editor. Premiado no Brasil e no exterior, publicou, pela Editora Vento Leste, O livro dos monólogos (Recuperação para ouvir objetos) e Vazão 10.8 – A última gota de morfina, ambos semifinalistas do prêmio Oceanos em 2019 e 2021, respectivamente. Em 2021, lançou o documentário Inflexível como o inferno, em parceria com Daniel Kfouri, um dos autores presentes na exposição. Acompanha o processo de montagem de Terra em Transe desde a chegada das obras até sua abertura no Museu Afro Brasil. Escreve sobre abandono, imagem e existência. Vive e trabalha em São Paulo.
Sobre o Centro Cultural do Cariri
Inaugurado no dia 1º de abril de 2022, o Centro Cultural do Cariri é um espaço para discussão, promoção e fazeres das artes, ciência, cultura e natureza, aliados à tradição cultural e à contemporaneidade. Além disso, é aberto aos processos de experimentação e intercâmbio.
O equipamento atende à região do Cariri cearense e conta com uma infraestrutura de mais de 50 mil m2. É constituído de espaços expositivos, anfiteatro para ensaios e projeções de cinema, teatro escola, salas de aula e ensaio, reserva técnica, restaurante escola, café e planetário, ainda em processo de estruturação.
Atualmente, está aberto ao público às quintas e sextas, das 15h às 20h, e aos finais de semana, das 8h às 20h, com toda área externa composta por pistas de skate, brinquedopraça, areninha, quadras de vôlei e grande área verde. Toda a programação é gratuita.
Sobre o Fotofestival SOLAR
Com regularidade bienal, o Fotofestival SOLAR faz parte de um plano de fortalecimento da cultura e das artes por meio da fotografia, integrando o calendário de eventos estratégicos da Secretaria da Cultura do Governo do Estado do Ceará.
A primeira edição ocorreu de dezembro de 2018 a abril de 2019, em Fortaleza. Reuniu fotógrafos, pesquisadores, curadores, artistas e o público em geral em momentos de profunda reflexão sobre os tempos vertiginosos que vivemos. Além de atividades de formação, oficinas, apresentação de portfólios, projeções e debates, o SOLAR contou com cinco exposições em diferentes espaços do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.
A segunda edição ocorreu de dezembro de 2022 a abril de 2023, evidenciando a relevância do sonho e da alegria na imaginação de outros futuros e realidades. Com sete exposições e diversas atividades culturais e de formação, o SOLAR ocupou a Pinacoteca do Ceará, a KUYA – Centro de Design do Ceará, o Museu da Imagem e do Som do Ceará e a Estação das Artes.
Onde estamos localizadosAv. Joaquim Pinheiro Bezerra de Menezes, 1, Gizélia Pinheiro (Batateiras), Crato, Ceará
Lista de autores participantes desta edição
Adenor GondimAllan BastosAna Carolina FernandesAna PovoasAraquém AlcântaraAvener PradoBeto FigueiroaBoris KossoyCarla CarnielCarlos MoreiraCelso BrandãoCelso OliveiraClaudia GuimarãesConstance PinheiroDada PetroleDani TranchesiDaniel KfouriDaniel MoreiraDaniel SantiagoDanilo GalvãoDanilo VerpaDiógenes MouraEdu SimõesElza LimaEric GomesEvandro TeixeiraFernando JorgeFluxo MarginalGabriela BilóGilvan BarretoGiovanna DuarteGuy VelosoHélio FilhoHirosuke KitamuraJoão CastellanoJoaquim PaivaJoão CastellanoJuca MartinsLalo de AlmeidaLuiz BragaLuiz SantosMarcelo ReisMárcio LimaMárcio VasconcelosMarco AlvesMarcus LeoniMário Cravo NetoMarlene BergamoMaureen BisilliatMaurício SerraMichael DantasMiguel ChikaokaMirian FichtnerMorfeu GilsonNay JinknssNair BenedictoNicolas GondimNívia UchôaNumo RamaOrlando ManeschyPaula SampaioRafael VilaroucaRicardo LabastierRicardo SenaRicardo TelesRochelle CostiRosa GauditanoRubens VenâncioSamuel MacedoSérgio BadeTelma SaraivaTitus RiedlUanderson FernandesVictor DragonettiWagner AlmeidaWanderson Alves
SERVIÇO
Exposição Terra em TranseCuradoria de Diógenes MouraCentro Cultural do Cariri – Galerias 1 e 2 – Piso 216 de setembro de 2023 a 16 de março de 2024
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